Distensão Abdominal: Como Combater e Prevenir?

Inicialmente, é muito importante entender que há três situações distintas que podem resultar em “inchaços” no corpo ou em partes específicas do corpo e diferenciá-las muito bem, entre si:

1. Retenção Hídrica

Acúmulo “anormal” de líquidos dentro dos tecidos do organismo, observado em: pernas, tornozelos, costas, rosto e locais específicos, que podem ter origem em certos problemas de Saúde, como dificuldade de funcionamento dos rins, doenças do fígado, problemas vasculares e cardíacos ou alterações no funcionamento da Tireoide. Este tipo de Retenção Hídrica exige a realização de Exames clínicos e bioquímicos para identificar a causa clínica e indicar o tratamento mais adequado.

2. Grande Variação Hormonal

Comum em mulheres durante determinados períodos, como Menstruação, Gravidez ou Climatério (período que antecede a Menopausa). Neste caso, um bom acompanhamento Nutricional pode tanto prevenir (o que é sempre o mais indicado) quanto tratar, se for o caso, com ótimos resultados.

3. Inchaço por Causas Alimentares

Acúmulo de gases ou líquidos no intestino, que causam Distensão ou “Inchaço” na Região Abdominal. Este é o motivo de nossa postagem de hoje.

O Que Leva à Distensão Abdominal e Como Combater?

É bastante comum, sobretudo em dias quentes, algumas pessoas sentirem o abdômen distendido e “inchado”, resultante do acúmulo de gases ou líquidos no intestino, o que causa muito desconforto.

Essa distensão pode causar: flatulências (gases), eructações frequentes (arrotos) e o desconfortante “estufamento abdominal”, chegando a provocar quadros de mal estar, indisposição, enjoo e náuseas.

Sem dúvida, é extremamente desagradável. Mas, o que faz “inchar” o abdômen, levando a esta distensão abdominal… E… Como aliviar tais sintomas?

1. Comer Muito Rápido

Leva a tragar mais ar (que se armazena no abdômen, de modo doloroso e incômodo) e não irá saciar logo sua fome, devido ao fato de que a sensação de saciedade leva entre 20 e 25 minutos para chegar ao cérebro. Além disso, você não mastigará bem, e as enzimas salivares não serão introduzidas na comida. A amilase salivar (essencial para a digestão dos carboidratos) não irá se misturar adequadamente com os carboidratos, provocando uma fermentação desses nutrientes pela flora bacteriana local, e irá acelerar a formação de gases, levando à distensão abdominal com uma imensa sensação de desconforto.
Portanto: mastigue muito bem… várias vezes… e coma devagar!

2. Ingestão de Bebidas Durante as Refeições

Aumenta o volume gástrico, causando a diluição dos sucos digestivos com o comprometimento da acidez estomacal, o que leva à má digestão das proteínas e à diminuição da absorção de sais minerais e vitaminas. É importante lembrar que o hábito dos refrigerantes e outras bebidas gaseificadas, além de inchar o abdômen, por conterem açúcar, levam à ingestão de “calorias vazias” que adicionam energia e contribuem para o ganho de peso. A água com gás, mesmo não contendo calorias, também irá distender o abdômen e provocar aquela sensação desconfortante de, “estufamento” e “barriga inchada”.
Portanto: evite a ingestão de líquidos (com ou sem gás) durante o almoço e o jantar!

3. É Fundamental Ingerir Fibras na Medida Certa

Se a ingestão de fibras é baixa, sofre-se com Obstipação (“prisão de ventre”), mas quando a ingestão é excessiva pode ocorrer distensão abdominal, “inchaço” e até diarreia para alguns indivíduos.
Portanto: consuma fibras na mediada certa e não deixe de tomar água!

4. Cuide de Suas Enzimas Digestivas

A ingestão de farináceos, especialmente, os cereais do café da manhã, o pão, os biscoitos, as massas em geral e o próprio arroz faz com que as enzimas digestivas (produzidas pelo sistema digestório) se esgotem. O fato é que os alimentos ricos em farinhas e açúcar são desvitalizados e, portanto, totalmente desprovidos de enzimas, o que excede e “suga” a capacidade intestinal. Isto reduz a força digestiva, o que leva a uma extensa produção de gases (a flatulência) e à distensão abdominal. Os alimentos integrais são fontes de vitaminas, sais minerais, fitoquímicos, fibras e antioxidantes, que são nutrientes essenciais.
Portanto: consuma alimentos integrais e evite os e farináceos!

5. Cuidado com a Gordura no Preparo dos Pratos

Empanados, empadões e salgados, batatas fritas e frituras em geral, pratos ensopados e refogados incluem muito óleo em sua preparação. Esses óleos são gorduras que não serão bem digeridas (pelo fato de terem sido “processados”, durante o preparo, tornarão a digestão mais lenta e a metabolização mais dificultosa para o fígado) e permanecerão mais tempo no estômago, provocando inchaço abdominal depois de cada refeição. Sugere-se cozinhar em chapa, forno ou vapor, adicionando-se a gordura ao final, depois do preparo do alimento, dando-se preferência a boas fontes de gordura, como óleo de coco ou azeite de oliva, que por apresentarem melhor ponto de fumaça, impregnam menos o alimento.

Ao cozinhar com qualquer óleo, é muito importante estar ciente do ponto de fumaça, que é o ponto no qual o óleo começa a “fumaçar”, ou seja, começa a se “quebrar quimicamente”, causando perda de sabor, diminuição das propriedades nutricionais e a provocar a formação de radicais livres, que são deletérios às membranas celulares e potencialmente cancrígenos para o organismo.
Portanto: selecione óleos e gorduras e evite frituras na alimentação!

6. Muito Cuidado com a Inclusão de Temperos!

O excesso de temperos no preparo de pratos e ao alimentar-se (sal, pimentas, inclusive, de alho, cebola e ervas) interfere nos processos de Digestão e de Metabolização, tornando-os lentos e ineficazes; isso cria condições internas para a formação de gases, inchaços e estufamentos, gerando distensão abdominal.

  • Sal em excesso: pela presença de sódio, possui imenso potencial de retenção hídrica com sobrecarga renal. Isso resulta em muito stress para o sistema cardiovascular, distensão abdominal e inchaço!
  • Pimentas: algumas possuem efeito termogênico e auxiliam a “boa circulação” sanguínea. Contudo, se consumidas em excesso, irritam as mucosas esofágica, gástrica e intestinal com erosões e ulcerações no tubo gastrintestinal; isso prejudica bastante a digestão e o aproveitamento dos nutrientes.
  • As ervas: conferem sabor e aromas especiais às preparações culinárias, mas quando usadas em excesso tornam-se tóxicas ao organismo. Afinal, não se pode esquecer que toda erva é portadora de princípios químicos ativos. Logo, exigem conhecimento e moderação no uso.
  • O alho: possui ação antifúngica, antimicrobiana, anti-hipertensiva, anti-inflamatória, antibiótica, antigripal e antineoplásica: vários estudos comprovam sua ação redutora para a incidência de câncer de estômago em indivíduos cuja genética é altamente suscetível. A indicação de consumo é de um dente grande de alho cru por dia, para a obtenção de benéficos na redução da pressão arterial e no controle do “mau” colesterol. Ao aquecer o alho, perde-se boa parte de suas substâncias químicas bioativas. Assim, o alho deve ser minimamente aquecido, lembrando-se que aquele hábito de “dar uma torradinha no alho” fará com que este alimento perca seu potencial de alimento funcional.
  • A cebola: também é um alimento funcional com ação antibacteriana, antifúngica e antiasmática. Todavia, em doses altas pode agravar a flatulência intestinal (presença de fibras que irritam a mucosa intestinal de indivíduos suscetíveis) e a hipercloridria: perturbação da função secretória do estômago por aumento de ácido clorídrico no suco gástrico. O resultado é distensão abdominal.
  • Em resumo, exagerar nos temperos: pode provocar inflamações internas (esofagites, gastrites e doenças inflamatórias intestinais: colite ulcerativa, Doença de Chron e outras), alergias (como a síndrome do intestino irritável) e diversas intolerâncias a alimentos.
  • Tudo isso pode gerar dificuldade digestiva e sobrecarga para o Fígado: isso prejudica o Processo de Metabolização, trazendo desconforto e distensão abdominal com flatulência e: muito inchaço.

Portanto: moderação ao temperar!

7. Finalmente, Muito Cuidado com a Alimentação Noturna!

A última refeição do dia, cotidianamente, deverá ser leve e o mais natural possível (pobre em temperos). Dessa forma, você estará facilitando os processos de digestão e metabolização, o que lhe garantirá um sono profundo, reparador e capaz de gerar: vigor, qualidade de vida e longevidade.
Portanto: respeite o relógio biológico do seu organismo!

Dicas Para Evitar Distensão Ou “Inchaço” Abdominal

1. Mastigar muitas vezes… Comer devagar…

2. Evitar consumir refrigerantes, bebidas e água mineral com gás, sobretudo durante as refeições.

3. Iniciar o almoço e o jantar com saladas que incluam diversas hortaliças cruas que, além de fornecerem Nutrientes essenciais (bons carboidratos, vitaminas, sais minerais, fitoquímicos, fibras e água), por serem naturalmente ricos em enzimas, irão favorecer a digestão e, consequentemente, a metabolização. Isso irá evitar sobrecarga hepática, contribuindo muito para evitar que ocorra distensão abdominal.

4. Frutas e hortaliças frescas são muito digestivas, contêm fibras, nutrientes essenciais, boa quantidade de água, e muito baixo teor de gorduras, o que torna as frutas uma excelente opção para sobremesas e lanches. Entretanto, evitar misturar muitas frutas com verduras. Em saladas, as melhores frutas, que combinam com folhosas, como, alface, rúcula, chicória, acelga, escarola, radite, almeirão e espinafre são: abacaxi, maçã e frutas ácidas de cores avermelhadas (excelentes para a digestão).

5. Consumir fibras na medida certa. Isto é, consumir diariamente: entre 5 e 6 porções de hortaliças (germinadas, cruas e cozidas), frutas da estação, ao natural, e de 2 a 3 porções de grãos integrais, em especial no almoço e desjejum.

6. Selecionar muito bem os alimentos fonte de gorduras e evitar superaquecer óleos e gorduras, durante o preparo dos alimentos. Cada tipo de gordura apresenta características próprias diante do calor!

7. Controlar muito bem o consumo de sal e açúcar, além de evitar o excesso de temperos em geral: deixar os “agrados e regalos” para finais de semana, dias festivos, feriados e viagens de lazer.

8. Estar sempre atento aos sintomas de bem-estar, fazendo uso diário de água com limão, e quando se fizer necessário, de chás digestivos e hepatoprotetores, como: hibiscos, boldo do Chile, cardo mariano, carqueja, dente de leão, gengibre, Camellia sinensis (chá verde), erva doce, salsaparrilha e outras.

9. Distribuir de forma inteligente os alimentos no decorrer do dia, respeitando o Ciclo Circadiano do organismo: sistema que ajusta as atividades biológicas diárias (relógio biológico), controlando metabolismo, sono e apetite. Para isso, faça como manda a Medicina Tradicional Chinesa, que diz: “seu café da manhã é ‘seu’: usufrua dele; o almoço: divida com um amigo; mas, o jantar: dê a um inimigo”.

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