Pesquisas Alertam: Seu Cérebro Pode Sabotar Sua Dieta!
Com o intuito de combater a epidemia mundial de obesidade, a comunidade científica tem centrado seus esforços em desvendar cada vez mais os fatores que propiciam o aumento de peso. Nesse campo, as mais recentes e importantes descobertas jogam luz sobre o papel do cérebro nesta questão, trazendo evidências de que, muitas vezes, “esse comandante maior” mais trabalha contra do que a favor.
O cérebro engendra armadilhas que impulsionam as pessoas a comerem mais, a resistirem menos, a fazerem as escolhas erradas. Tudo isso sem que estas se deem conta de que estão sob “sua” influência. Ou seja, engordam, sem perceberem que estão sendo levadas a isso: pelo cérebro.
Revelações das Pesquisas Mais Recentes
As informações reveladas pelas pesquisas mais recentes apontam vários mecanismos pelos quais o cérebro tenta sabotar os esforços para emagrecer.
1. Armazenar Energia para Garantir a Sobrevivência
O primeiro deles remonta ao início da evolução humana, quando o homem lançava mão de todas as estratégias para sobreviver. Entre estas estava o armazenamento da maior quantidade possível de energia obtida a partir dos alimentos: uma garantia de que o corpo teria combustível suficiente para funcionar mesmo em condições adversas. Tal estratégia foi útil naquelas circunstâncias, mas hoje, diante da fartura e facilidade para obter alimentos, perdeu o sentido.
Entretanto, trata-se de um estratagema gravado na memória. Por isso, a cada situação que “o cérebro entende” como uma ameaça ao estoque energético do organismo, a resposta é a mesma: uma ordem para guardar mais calorias. Instintivamente, o indivíduo será levado a consumir as opções com maior teor calórico (alimentos ricos em gordura, farinhas e açúcar), além de ocorrer reações cerebrais para reduzir o ritmo metabólico. É o cérebro comandando sinais para assegurar aporte energético. Até curtos períodos sem comer: induzem a escolhas que privilegiarão alimentos calóricos em detrimento dos mais saudáveis.
2. Dormir Pouco ou Não Dormir: Leva o Cérebro a Estocar
Situação semelhante ocorre quando se dorme mal ou por tempo inferior ao necessário. Esta situação é entendida pelo cérebro como “ameaças ao estoque de energia para o dia seguinte” e age para dar mais combustível a um organismo que, na “sua avaliação”, precisará de mais esforço para vencer esta jornada. Nessas circunstâncias, os indivíduos são levados a buscar alimentos ricos em farinhas, açúcar e gorduras, que “no entender do cérebro” (carboidratos e lipídios: altamente energéticos) serão combustíveis ideais para um dia de trabalho sem o devido repouso. Por exemplo, entre um pudim e uma maçã, o indivíduo será levado a preferir o pudim, rico em carboidratos e gorduras, em detrimento da maçã, rica em Vitaminas, Fitoquímicos, Minerais e Fibras, mas que, em contrapartida, contém muito menos carboidrato.
3. A Sabotagem do Relógio Biológico
A herança ancestral se manifesta também no funcionamento do Relógio Biológico, que foi programado para impelir o organismo a ter fome de doces e outros alimentos calóricos à noite: para guardar energia visando o dia seguinte. Isso serviu no passado, mas hoje eleva muito o risco de ganho de peso. Se o indivíduo ficar acordado até mais tarde, no período em que naturalmente terá cada vez mais fome por esse tipo de alimentos, acabará ingerindo mais calorias, que não necessita e não conseguirá gastar, enquanto dorme e muito menos no dia seguinte, uma vez que hoje há facilidade em se obter alimentos.
4. Para o Cérebro: Comida é Fonte de Prazer
Ao longo da evolução, o cérebro também foi sendo condicionado a interpretar a comida como fonte de prazer. Estudos comprovam a existência de mecanismos neuro-adaptativos que levam o indivíduo a procurar recompensas emocionais, que atuarão nos seus controles hormonais, em busca da manutenção da vida. Isso quer dizer que o cérebro estimula o consumo de alternativas associadas a alto conteúdo calórico e também a maior sensação de bem estar. É por essa razão que, quando está triste, chateado ou desmotivado, ninguém procura compensação em um prato de salada. Vai buscá-la em um pedaço de bolo de chocolate ou em um hambúrguer, por exemplo. Sempre alimentos muito calóricos.
5. A Comida pode Servir de Consolo e Recompensa
A ingestão alimentar é controlada por fatores cognitivos, emocionais e de recompensa, envolvendo a mesma via neuronal pela qual é processado o vício em drogas. Descobriu-se recentemente que alimentos ricos em: açúcar, farinhas, gorduras e sal contêm nutrientes capazes de disparar, no cérebro, uma espécie de dependência. De fato, após serem ingeridos, esses alimentos ativam fortemente o centro cerebral vinculado à dependência. Por isso, a ingestão constante desse gênero de alimentos fará com que o indivíduo seja induzido a querer sempre mais, para sentir o mesmo prazer. E, pior, de forma impulsiva.
Isso acontece por que os circuitos cerebrais envolvidos em comportamentos obsessivos e compulsivos estão conectados aos fatores que controlam a ingestão de comida. Pequenas perturbações nesse Sistema podem levar à obesidade porque incentivam o consumo, descontrolado e em demasia, de opções alimentares muito calóricas. Esses mecanismos explicam, por exemplo, por que é difícil comer apenas uma batatinha frita ou apenas uma trufa. Simplesmente, não se consegue parar, pois são alimentos ricos em gordura e carboidratos, que estimulam mensagens de prazer para o cérebro e podem levar à Dependência e Compulsão Alimentar: provavelmente serão consumidos vorazmente, até o fim.
6. Ingestão Constante de Refeições Gordurosas Inflamam o Cérebro!
Para tornar ainda mais difícil a briga contra a balança, o Cérebro reage melhor a refeições repletas de gorduras, mesmo quando estas são menos saborosas do que outras opções mais saudáveis. O fato é que o consumo constante de alimentos gordurosos leva a um processo inflamatório, e consequente lesão na região cerebral onde está localizado o hipotálamo, estrutura do cérebro responsável pela sensação de fome. Quando o “cérebro está inflamado”, o hipotálamo tem grande dificuldade em relacionar ingestão versus saciedade. Resultado: descontrole no consumo alimentar.
7. Quando o Assunto é Obesidade: o Comando é Cerebral!
Essas informações reforçam a convicção científica de que, quando o assunto é Obesidade, as pessoas podem não estar tanto no controle quanto pensam. Contudo, a mesma linha de Pesquisa que embasa essa conclusão sugere estratégias para neutralizar as tentativas cerebrais de sabotagem.
Nos últimos anos, Experimentos Científicos realizados com o Cérebro deixam patente que é possível treiná-lo e, em muitos casos, até: “enganá-lo”. Uma das armas a ser usada, nessa guerra, é a Memória. Estudos e experimentos expõem o papel da cognição no controle de Fome e Saciedade, revelando que:
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A lembrança de ter saboreado uma farta refeição pode ser suficiente para deixar as pessoas com menos fome, mesmo muitas horas depois da última refeição realizada;
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Quanto mais intenso o aroma de um alimento: menor o tamanho das mordidas a ele remetidas;
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Pequenas porções de alimentos proporcionam satisfação similar à promovida pelas grandes;
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As pessoas comerão menos se as mordidas forem pequenas, lentas, compassadas e bem ritmadas.
Como “Enganar” o Cérebro e Não Sucumbir às Tentações?
1. Leia os rótulos e memorize as qualidades e os benefícios dos alimentos. A área cerebral responsável pelo raciocínio e tomada de decisão entrará em ação, induzindo-o a fazer boas escolhas.
2. Sempre que puder, antes das refeições, visualize pratos que considere altamente atraentes. Isso condicionará o cérebro. E, ao comer, sua salada parecerá um “manjar dos Deuses”.
3. Entre um alimento de aroma mais forte e outro suave, escolha o primeiro. Se o cheiro for pronunciado, você comerá menos.
4. Antes das refeições, visualize fartas porções dos alimentos a serem ingeridos, isso elevará sua sensação de saciedade após a refeição, fazendo com que você coma menos, naturalmente.
5. Durma bem para que seu cérebro não o obrigue a consumir mais calorias “a fim de vencer a rotina do dia seguinte”; e vá dormir cedo, não dê chances à “fome noturna por guloseimas”.
6. Procure fazer as refeições sempre no mesmo horário: isso fará com que seu cérebro se acostume e crie um “ritmo metabólico“, dando a sensação de fornecimento contínuo e certo de energia. Esta “segurança” impedirá o cérebro de levá-lo a comer demais.
7. Não pule refeições. Em especial o café da manhã. Assim, seu cérebro não o incentivará a comer demais nas refeições subsequentes, especialmente à noite.
8. Quando desejar comer um pedaço de bolo ou outra guloseima qualquer, lembre-se de que você pode sentir-se feliz com um pedaço pequeno. Dê pequenas mordidas, coma devagar e mastigue muitas vezes para saborear! Isso fará com que você coma e se satisfaça com menor quantidade!
9. Esteja atento ao seu Relógio Biológico, que tentará fazer com que você coma mais e consuma opções alimentares muito mais calóricas à noite!
10. Faça como manda a Medicina Tradicional Chinesa que diz: “seu café da manhã é ‘seu’: usufrua dele; o almoço: divida com um amigo; mas, o jantar: dê a um inimigo”!