Alimentos Funcionais e Nutracêuticos: Qual a Diferença?

O avanço das Ciências Nutricionais trouxe uma série de termos novos e muitas vezes confundíveis entre si. Entre os exemplos mais comuns estão as expressões Alimentos Funcionais e Nutracêuticos, que algumas vezes são utilizados como sinônimos. Entretanto, ambos apresentam significados bem distintos e para esclarecer os fatos, vamos definir, classificar e discorrer sobre suas principais características.

1. Os Alimentos Funcionais

Os Alimentos Funcionais são aqueles que contêm nutrientes bioativos que, além de nutrir o corpo, exercem uma função fisiológica no organismo, ligada a prevenção de doenças: podem promover a Saúde, além de alimentar o corpo, pois suas moléculas biologicamente ativas atuam no corpo humano para corrigir distúrbios metabólicos, resultando em redução nos riscos de desenvolver doenças crônicas.

1) O Que São e Como se Classificam os Alimentos Funcionais?

Os Alimentos Funcionais fazem parte de uma nova concepção de alimentos, lançada na década de 1980, pelo Japão, através de um programa de governo cujo objetivo era desenvolver alimentos saudáveis para uma população que envelhecia com grande expectativa de vida; são considerados promotores de Saúde por estarem associados à diminuição dos riscos de desenvolvimento de doenças crônicas; suas moléculas bioativas são a estratégia para corrigir distúrbios metabólicos, gerar Saúde e prevenir doenças.

Foram identificadas várias classes de substâncias químicas, biologicamente ativas, de origem vegetal, conhecidas como Fitoquímicos, que podem reduzir o risco para desenvolver doenças crônicas, em especial Diabetes Mellitus, Câncer e Doenças Cardiovasculares. Entre estas substâncias encontram-se:

1. Fito-hormônios: os mais estudados são as Isoflavonas, encontradas em vegetais como soja e broto de alfafa, e as Lignanas encontradas em sementes como linhaça.

2. Fibras Solúveis: reduzem o risco de câncer de cólon e melhoram o funcionamento intestinal. Podem também ajudar no controle da glicemia e do colesterol, e no tratamento da obesidade, pois conferem maior saciedade. Estão presentes em: aveia, quinoa, amaranto, linhaça, chia e outros.

3. Probióticos: Bifidubactérias e Lactobacilos – favorecem as Funções Gastrointestinais, reduzindo o risco de Obstipação (prisão de ventre) e Câncer; ocorrem em: leites, Iogurtes e outros produtos lácteos fermentados.

4. Ácidos Graxos Ômega-3 e Ômega 6: reduzem os níveis do LDL Colesterol – indispensáveis para o desenvolvimento de Cérebro e Retina de recém-nascidos; estimulam o Sistema Imune e possuem ação anti-inflamatória. Encontrados em peixes de alto mar (sardinha, salmão, atum, anchova); óleos de linhaça, gergelim, nozes e amêndoas.

5. Prebióticos: Fruto-oligossacarídeos (FOS) e Inulina – ativam a Microflora Intestinal, favorecendo a Imunidade da Mucosa Intestinal; são extraídos de vegetais, como raiz de chicória e batata Yacon.

6. Pigmentos que dão cor e protegem os Vegetais – são substâncias com ações antioxidantes, anti-inflamatórias, dentre os quais destacam-se: Betacaroteno, Licopeno, Luteína, Indóis e Isotiocianatos, Sulfetos Alílicos (alil sulfetos, Taninos, Catequinas, Flavonoides.

2) Onde são encontrados e onde atuam os Alimentos Funcionais?

Os Alimentos Funcionais são encontrados em diversos Alimentos Naturais ou podem ser preparados, utilizando-se um ou mais Nutrientes Funcionais; devem oferecer benefícios à Saúde, além de nutrirem.

Podem oferecer benefícios à Saúde, atuando nestas Áreas e Sistemas do organismo:

  1. Sistema Gastrintestinal;
  2. Sistema Cardiovascular;
  3. Metabolismo de Substratos;
  4. Diferenciação Celular, Crescimento e Desenvolvimento;
  5. Modulação de Funções Fisiológicas;
  6. Sistema Antioxidante.

3) Quais são as Classes de Alimentos Funcionais?

  1. Probióticos, Prebióticos e Simbióticos;
  2. Alimentos Sulfurados e Nitrogenados;
  3. Compostos Fenólicos;
  4. Substâncias Antioxidantes: Vitaminas, Minerais e Fitoquímicos;
  5. Ácidos Graxos Poli-insaturados;
  6. Fibras Alimentares: Oligossacarídeos.

2. Os Nutracêuticos

O termo “nutracêutico” foi cunhado pela Fundation for Innovation in Medicine dos Estados Unidos, em 1990, para nominar uma nova área de pesquisas biomédicas e, desde então, vem sendo utilizado com bastante frequência na Área da Saúde, pela comunidade médico-científica e por indústrias de Alimentos e Medicamentos. O termo significa “dar ao alimento a ação de medicamento”.

1) O Que São Nutracêuticos?

Define-se como Nutracêutico não uma droga ou um alimento, mas “uma substância de ocorrência natural com efeito benéfico à Saúde comprovado e que seja parte, como um ingrediente, de Alimentos Específicos, Alimentos Funcionais ou Suplementos Alimentares”. A Nutracêutica surge, então, como uma ramificação da Nutrição Funcional com a finalidade de extrair maior potencial terapêutico dos alimentos. Isso se inicia desde o pré-preparo, higienização até a apresentação.

Os Nutracêuticos são alimentos, ou parte de um alimento, que proporcionam benefícios Farmacológicos e de Saúde, incluindo a prevenção, o tratamento, e inclusive a cura de doenças. Podem abranger desde nutrientes isolados, suplementos dietéticos sob a forma de extratos, de comprimidos ou cápsulas, de dietas e até os produtos beneficamente projetados, produtos herbais e alimentos processados que contenham nutrientes funcionais em sua formulação e produção, como cereais, alimentos e bebidas.

2) Quais são as Classes de Nutracêuticos?
  1. Fibras dietéticas;
  2. Ácidos graxos poli-insaturados;
  3. Proteínas e peptídeos;
  4. Aminoácidos ou cetoácidos;
  5. Minerais e vitaminas antioxidantes;
  6. Outros antioxidantes (glutationa, selênio).

Alimentos Funcionais, Nutracêuticos e Legislação

Para ser, oficialmente, reconhecido e considerado um Alimento Funcional ou um Nutracêutico, o alimento deverá ter comprovação científica. Para tanto, deverá ser submetido a:

1. Ensaios: bioquímicos, nutricionais, fisiológicos e toxicológicos em animais de experimentação;

2. Estudos: Epidemiológicos e Ensaios Clínicos;

3. Evidências abrangentes da Literatura Científica: em Organismos Internacionais de Saúde e Legislação Internacionalmente Reconhecidas como, por exemplo: FDA (Food and Drug Administration) dos Estados Unidos, há diversos outros órgãos mundiais e; a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) do Brasil;

4. No Brasil, há uma Legislação específica para Alimentos Funcionais e Nutracêuticos: a Resolução 19 de 1999 da ANVISA /Ministério da Saúde.

Alimentos Funcionais Versus Nutracêuticos

A seguir, são enumeradas algumas diferenças fundamentais entre Alimentos Funcionais e Nutracêuticos:

1. Os Alimentos Funcionais ocorrem na Natureza, enquanto Nutracêuticos são obtidos a partir de Alimentos Funcionais;

2. Os Alimentos Funcionais estão envolvidos com a proteção da saúde e a redução do risco da doença, enquanto que a prevenção e o tratamento de doenças são relevantes aos Nutracêuticos;

3. Os Alimentos Funcionais devem estar sob a forma de um alimento comum, ao passo que os Nutracêuticos incluem suplementos dietéticos e outros tipos de alimentos;

4. Alicinas (alho), carotenoides e flavonoides (hortaliças e frutas), glucosinolatos (crucíferas) e ácidos graxos poli-insaturados (sementes e óleo de peixe) são nutrientes e podem ser consumidos juntamente com os alimentos que os contém, sendo estes alimentos considerados alimentos funcionais;

5. Individualmente (cápsulas, comprimidos) ou adicionados a alimentos, são considerados Nutracêuticos e devem garantir segurança para o consumo humano, sem risco de toxicidade ou efeitos adversos;

6. Exemplificando, no caso da Goji Berry: a fruta, sob a forma natural ou desidratada, é considerado um Alimento Funcional. Por outro lado, o seu extrato, encontrado sob a forma líquida ou em cápsulas, é oficialmente reconhecido e considerado um Nutracêutico.

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