Quinoa: Pseudocereal Proteico e Funcional
A Quinoa contêm todos os Aminoácidos Essenciais em quantidades ideais ao pleno desenvolvimento humano. Por isso, é considerada um alimento vegetal fonte de proteínas equivalentes às de origem animal.
Por seu extraordinário valor nutricional e alto teor energético, a Quinoa, juntamente com a batata e o milho, constitui alimento básico para os povos em desenvolvimento que habitam a Cordilheira dos Andes.
Importância Nutricional e Econômica da Quinoa
A Quinoa (Chenopodium quinoa), pertencente à Família das Chenopodiaceae, a mesma do espinafre, é um pseudocereal domesticado pelos povos que têm habitado a Cordilheira dos Andes, há mais de 7 mil anos.
Quando ainda nova, a planta se assemelha a “um espinafre que produz grãos”. Contudo, os povos indígenas sempre usaram esses grãos em sopas, pães e bebidas fermentadas.
I. Valor e Importância Nutricionais da Quinoa
Por não pertencer à Família das Gramíneas (a família dos Cereais), a Quinoa é classificada como um “falso cereal”, pelo alto conteúdo de amido encontrado em seus grãos, uma característica dos Cereais.
Estudos realizados no Mundo todo, inclusive no Brasil, onde a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), vem pesquisando a Quinoa desde a década de 1980, concluíram que:
1. As Proteínas da Quinoa São de Alto Valor Biológico
A qualidade proteica dos Grãos deste Pseudocereal é comparável ao das proteínas de origem animal, como ovo, leite e carne, ou seja, uma Proteína Completa.
2. Quinoa: Rica em Ferro e Zinco
Além de conterem elevado teor energético e proteico, os pequenos Grãos de Quinoa, cujas cores variam em verde, amarelo, vermelho, ocre e marrom, são ricos em Zinco e Ferro. Isso torna este pseudocerreal um substituto da carne para o suprimento de necessidades proteicas diárias.
3. Folhas de Quinoa: Fonte de Nutrientes
Por sua vez, as Folhas da Quinoa também são excelente fonte de proteínas, fibras, minerais e vitaminas, o que torna seu uso culinário indicado para preparo de cozidos, além de serem consumidas como o Espinafre.
4. A Planta da Quinoa como Forrageira
De acordo com engenheiros da EMBRAPA, a planta inteira apresenta considerável teor proteico e energético, com palatabilidade capaz de estimular o consumo por animais, especialmente o gado bovino. Dessa forma, em cultivos sucessivos, esta planta pode ser empregada na produção de forragem para os animais.
5. A Planta da Quinoa é Resistente
A planta da Quinoa é muito resistente e pode se desenvolver sob condições adversas de altitude, umidade e em solos pobres em sais minerais, onde outros cereais não conseguiriam germinar.
5. Possui Espécies com Alta Variabilidade Genética
Além da resistência, a alta variabilidade genética da planta também auxilia a Segurança Alimentar no Mundo, uma vez que viabiliza seu cultivo em áreas do Planeta com difícil acesso a alimentos nutritivos.
II. Reconhecimento do Valor e Importância da Quinoa
Este Pseudocereal milenar permaneceu como alimento básico para os povos indígenas dos Andes, ao longo dos séculos. Porém, após a colonização Espanhola, foi rejeitado, mas nunca desapareceu.
Após séculos de negligência, o Valor Nutricional da Quinoa foi redescoberto, durante a segunda metade do Século XX, alavancado por Estudos Científicos. Como consequência destes Estudos, a Quinoa teve seu Valor Nutricional reconhecido por importantes instituições internacionais, como:
1. Academia de Ciências dos EUA
“Quinoa é o melhor alimento vegetal para consumo humano”.
2. WHO: World Health Organization
“A Quinoa é um alimento completo”.
3. NASA: National Aeronautics and Space Administration
A NASA passou a integrar a Quinoa à dieta dos astronautas.
4. FAO: Food and Agriculture Organization of the United Nations
Por sua vez, a FAO classificou a Quinoa como uma cultura importante para garantir a Segurança Alimentar Mundial. Por isso, declarou 2013 como o Ano Internacional da Quinoa (IYQ).
Provavelmente, por todas estas razões, os Incas cultivavam a Quinoa e a veneravam como símbolo religioso, há 7 mil anos atrás. Por isso, também a chamavam de “Grano Madre” ou “Grano de Oro”.
III. O Ano Internacional da Quinoa (IYQ)
Na Resolução 66/221, a Assembleia Geral da ONU declarou 2013 o Ano Internacional da Quinoa em reconhecimento aos povos indígenas andinos. Justa homenagem, uma vez que conseguiram preservar este alimento em seu estado natural para as gerações presentes e futuras, através de práticas ancestrais de viver em harmonia com a Natureza”. Por isso, o tema de 2013 foi: “Um futuro semeado há milhares de anos”.
Esta ideia foi lançada pela Bolívia e endossada pela FAO, como parte do trabalho da Organização destinado a potencializar importantes cultivos tradicionais e esquecidos, e teve apoio de importantes países produtores agrícolas, como Brasil, Argentina e Austrália, entre outros.
1. Objetivos do Ano Internacional da Quinoa (IYQ)
O objetivo geral desta resolução foi atrair a atenção do Mundo sobre o papel desse cultivo originário dos Andes, além de promover sua produção como alternativa nutricional. Isso, pela grande versatilidade e capacidade de sua planta se adaptar à seca e se desenvolver em solos pobres e em diferentes altitudes.
Dessa forma, diante do desafio alimentar mundial em um contexto de mudanças climáticas, a Quinoa surge como uma alternativa para países que sofrem com Insegurança Alimentar, tornando importante:
- Popularizar a Quinoa como um alimento de suporte à vida
- Incentivar o Estudo e o Conhecimento sobre a Quinoa
- Ressaltar seu potencial para promover a Segurança Alimentar
- Estimular este Cultivo para erradicação da pobreza e da desnutrição
- Estimular a Biodiversidade em apoio à realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
- Viabilizar conservação e uso sustentável da diversidade de Quinoa no mundo
- Dar reconhecimento aos povos indígenas que preservaram a Quinoa através dos tempos
2. Resultados Obtidos pelo Ano Internacional da Quinoa (IYQ)
As atividades realizadas pelo IYQ contribuíram diretamente para a conscientização deste cultivo. A FAO está ativamente envolvida no teste de Cultivo em 27 países fora da região andina, com o objetivo de promover a Segurança Alimentar. Durante 2013-2015, a avaliação das Espécies de Quinoa foi realizada em:
- Ásia Central e do Sul: Quirguistão, Tajiquistão, Sri Lanka e Butão;
- Ásia Ocidental e África do Norte: Argélia, Egito, Iraque, Irã, Líbano, Mauritânia, Sudão e Iêmen;
- África: Djibouti, Quénia, Somália, Sudão do Sul, Etiópia, Uganda, Zâmbia, Burkina Faso, Camarões, Chade, Níger, Senegal, Togo, Gana e Guiné.
O número de países que cultivam Quinoa aumentou rapidamente de oito em 1980, para 40 em 2010 e para 75 em 2014. Mais 20 países semearam Quinoa pela primeira vez em 2015.
No entanto, os principais produtores de Quinoa do mundo, ainda são Bolívia e Peru, que produzem mais de 80% deste alimento no mundo. A seguir, destacam-se Equador, EUA, China, Chile, Argentina, França e Canadá, que juntos representam 15-20% da produção mundial.
Benefícios da Quinoa para a Saúde
Estudos clínicos demonstraram que a Quinoa é um Alimento Funcional, por seu alto valor nutricional e riqueza em Ácidos Graxos Essenciais, Minerais, Vitaminas e Antioxidantes, que protegem o organismo:
1. Contra as: Doenças Cardiovasculares, pelo tero em ômega 3.
2. Auxiliar na: prevenção do Câncer, pela presença de potentes Antioxidantes.
3. Reforçar as Funções: do Sistema Imunológicas, pela presença de Fitonutrientes.
4. Potencializar: a cicatrização de lesões, pelo tero em Vitamina C e Fitonutrientes.
5. Combater: as inflamações, pela presença de Fitonutrientes Anti-inflamatórios.
6. Auxiliar no: controle da Artrite Reumatoide, graças ao teor em Fitonutrientes.
7. Auxiliar no: controle de níveis sanguíneos de glicose, importante na prevenção do Diabetes Mellitus.
8. Auxiliar no: emagrecimento saudável, pela presença das fibras, que aumentam a saciedade.
Principais Nutrientes Encontrados na Quinoa
As propriedades funcionais da Quinoa são decorrentes da riqueza de seus nutrientes, descritos a seguir:
1. Conteúdo Proteico
As Proteínas presentes nos Grãos de Quinoa possuem todos os Aminoácidos Essenciais (formadores da proteína nutricionalmente completa) na proporção ideal para promover desenvolvimento humano. Esta era uma exclusividade das proteínas presentes nos alimentos de origem animal.
Além disso, estas Proteínas não são formadoras de Glúten, aspecto nutricional importante, para Celíacos e indivíduos que apresentem qualquer grau de intolerância a essa proteína. O glúten possui alto potencial alergênico e, assim, sua ausência é uma importante vantagem nutricional da Quinoa sobre o trigo.
3. Teor de Carboidratos
A Quinoa é fonte de Carboidratos Saudáveis, de Baixo Índice Glicêmico, isto é, que não causam picos na produção de Insulina. Por isso, é considerada um alimento energético de qualidade superior ao Arroz, Trigo e Milho que, por serem ricos em Amido, apresentam elevado Índice Glicêmico.
4. Qualidade das Gorduras
As Gorduras destes Grãos são ricas em Ácidos Graxos Ômega-3 e Omega-6: Ácidos Graxos Essenciais, o que a torna uma das raras fontes desses nutrientes tão fundamentais à saúde humana.
5. Elevados Teores de Vitaminas
Outra vantagem da Quinoa sobre os Cereais, é possuir quantidades elevadas de Vitaminas como A, B1 (tiamina), B2 (riboflavina), B3 (niacina), B6 (piridoxina) e, em menores quantidades, as Vitaminas E e C. Visto que, os Cereais são, comparativamente, bem mais pobres em vitaminas.
5. Teores de Minerais
Estes Grãos superam os Cereais arroz, trigo e milho no teor dos Minerais: Cálcio, Magnésio, Zinco, Cobre, Ferro, Manganês, Fósforo e Potássio. Dessa forma, seu consumo regular é importante para a prevenção de doenças como Anemia, Raquitismo e Osteoporose.
6. Riqueza em Fibras Alimentares
O teor de Fibras Alimentares é superior ao dos Cereais, o que promove saciedade e auxilia no controle dos índices sanguíneos de Gorduras e Glicose, prevenindo Dislipidemias e Diabetes Mellitus.
7. Presença de Fitoquímicos ou Fitonutrientes
A Quinoa é rica em Carotenoides, Tocoferóis e Flavonoides. Estudos de laboratório demonstraram que dois Flavonoides em particular, Quercetina e Kaempferol são encontrados em concentrações potencialmente superiores à das frutas vermelhas, como Cramberry. Estes dois Flavonoides possuem ações Antioxidante, Anti-inflamatória, Antiviral, Anticancerígena e Antidepressiva comprovadas.
A Versatilidade para o Consumo de Quinoa
O pseudocereal pode se consumido sob a forma de farinha crua ou torrada, flocos, sêmola e pó instantâneo. Contudo, é mais facilmente encontrada sob a forma de grãos, flocos e farinha, além de seus derivados como macarrão e barras energéticas. Por isso, seu consumo pode ser mais diversificado a partir de:
1. Grãos
Os Grãos constituem um ingrediente muito nutritivo e versátil, que pode, por exemplo, substituir a carne em cardápios vegetarianos e veganos. Assim, depois de devidamente preparados, estes grãos podem ser utilizados em bolinhos com legumes, almôndegas, hambúrgueres, saladas, cozidos da mesma forma que o arroz ou compondo “risotos”, assados, sobremesas e omeletes.
2. Flocos
Os Flocos constituem um ingrediente muito nutritivo e prático, que pode ser consumido em desjejuns e lanches. Por exemplo, com frutas, sucos e iogurtes, ou compondo sopas, assados, tortas e omeletes.
3. Forma de Farinha
A Farinha de Quinoa é uma Farinha Funcional, que pode fazer parte das receitas de massas e produtos de panificação. Por exemplo, pães, bolos, bolachas e biscoitos, tortas e assados, em especial para os Celíacos.
Cuidados para o Consumo de Quinoa
A inclusão deste pseudocereal no cardápio exige cuidados, uma vez que são grãos originários de outra Região do Planeta. As propriedades químicas e a forma de preparo deste alimento exige os cuidados:
1. Os Grãos não podem ser Consumidos Crus
Como todos os grãos de cereais, pseudocereais, leguminosas e outros, a Quinoa apresenta alguns compostos provenientes do metabolismo secundário das plantas: os Fatores Antinutricionais.
Estes compostos reduzem seu valor nutricional, interferindo em sua digestibilidade, absorção e utilização de nutrientes, podendo acarretar efeitos danosos à Saúde se ingeridos em altas concentrações.
Por isso, os grãos deste pseudocereal não devem ser consumidos crus e antes do cozimento é fundamental prepará-los. Dessa forma, busca-se eliminar ou reduzir o teor de Saponinas e Taninos presentes em sua camada mais externa, uma vez que estes lhes conferem sabor amargo e efeitos antinutricionais.
Estes compostos reduzem o aproveitamento dos nutrientes, em especial de proteínas e minerais. Por sua vez, por terem sido processados industrialmente, os Flocos dispensam o cozimento.
2. É Essencial Testar o Consumo
Como qualquer alimento novo, a inclusão deste pseudocereal na alimentação merece certa atenção em seu primeiro consumo. Uma vez que cada indivíduo constitui um mundo bioquímico único, é preciso consumir e observar as reações do organismo, para descobrir se este é um alimento benéfico para você.
3. Variabilidade de Preparo
Quanto à variedade de receitas para o consumo, a sugestão vai desde salpicar flocos deste pseudocereal sobre frutas, como o mamão até receitas das mais simples às sofisticadas.
Assim, as receitas incluem desde um simples tabule, até as mais sofisticadas e criativas entre as quais omeletes, assados, muffins, bolos, pães, biscoitos e muitas outras. Além disso, a combinação em hortaliças, é possível obter deliciosos hambúrgueres, almôndegas, bolinhos, sopas e cozidos dentre outros.
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