A preferência por determinados alimentos e o controle de sua ingestão se dá por meio de um processo de aprendizagem que começa muito cedo.

Acredita-se que a base dos hábitos alimentares seja formada durante o primeiro ano de vida, sendo fundamental que os pais estejam atentos, desde a introdução da alimentação complementar, para orientar o filho na aquisição de bons hábitos alimentares, o que lhe trará consequências para a vida toda.

É muito comum, no dia a dia do consultório, constatar a dificuldade de algumas mães para convencer seus filhos a praticarem uma alimentação mais saudável. Contudo, isso não acontece com todas as mães. Há casos bem diferentes, que nos levam a indagar: por que algumas crianças comem de tudo e outras são altamente resistentes ao consumo de bons alimentos?

Por que será que algumas crianças comem verduras, frutas, arroz integral, enquanto outras se alimentam basicamente de macarrão, frango empanado e batatas fritas? Se você se depara, diariamente, com alguns problemas quanto à alimentação de seus filhos, preste atenção às dicas que se seguem:

1. Alimente-se bem, durante a Gestação!

Sabe-se que, diariamente, o bebê engole líquido amniótico. Estudiosos desse tema, afirmam que o sabor desse líquido varia de acordo com a alimentação materna que, por isso, deverá ser nutritiva e variada.

Portanto: pratique uma alimentação saudável e bastante variada, durante todo o Período Gestacional!

2. Amamente seu filho, pelo menos, até os seis meses de vida!

O bebê deve ser amamentado, exclusivamente, no seio até os seis meses e, de maneira complementar, enquanto a mãe puder. Neste período, é muito importante que a alimentação materna seja a mais saudável e variada possível. O leite materno varia de sabor de acordo com a alimentação da mãe e isso irá influenciar as preferências alimentares da criança. Dessa forma, bebês que mamam no peito aceitam melhor a alimentação complementar, porque já estão habituados a sabores diversificados.

Portanto: diversifique bastante sua alimentação, enquanto amamentar!

3. Introduza corretamente a Alimentação Complementar!

A partir dos quatro meses do bebê, ofereça-lhe, gradativamente, frutas, sucos de frutas (naturais diluídos e sem açúcar). A partir dos seis meses de idade, ofereça-lhe água e comece a apresentar-lhe: os legumes amiláceos (cozidos e amassados com garfo), como batata doce, mandioca, batata salsa e inhame; e os cereais (bem cozidinhos e amassados com garfo), como arroz e aveia, com caldinho de feijão e gema de ovo cozida e amassadinha; e outros legumes (cozidinhos e amassados), chuchu, abóbora, abobrinha, cenoura e beterraba. Prepare sopinhas e papinhas doces (sem açúcar) e salgadas (pouquíssimo sal) dando atenção aos temperos utilizados. Utilize alho e cebola sempre batidos no liquidificador.

Portanto: varie bastante a oferta de legumes e frutas, apresentando-lhe sabores e texturas, aos poucos; ensinando-lhe a ter bons hábitos alimentares!

4. Apresente os alimentos novos por várias vezes!

A criança deve receber o mesmo alimento por várias vezes, mesmo que nas primeiras ofertas ela não o aceite. É sabido que as crianças fazem “cara feia”, ou cospem os alimentos em um primeiro momento, o que não quer dizer que elas não tenham gostado, pois essa é a primeira experiência com novos sabores e texturas. Porém, com ofertas frequentes, os alimentos passam a ser aceitos, sendo incorporados à dieta.

Portanto: ofereça os novos alimentos diversas vezes, em situações diferentes!

5. Não ofereça alimentos açucarados ao seu filho, antes dos 2 anos de idade!

Jamais utilize açúcar na alimentação de seu bebê ou ofereça: chocolates, gelatinas, doces, biscoitos, cremes, pudins, refrigerantes e outras guloseimas antes que este complete 2 anos. Não tenha pena, a criança não conhece este sabor! Além do mais, este seu comportamento é para o bem de seu filho!

Cuidado: o açúcar modula o paladar humano e tem potencial viciante!

Portanto: quanto mais tarde o açúcar for apresentado à criança, melhor será para a formação de bons hábitos alimentares e para a sua Saúde!

6. Alimentos de panificação não devem fazer parte da dieta do bebê!

Evitar massas, pães, biscoitos e bolachas antes dos 2 anos de vida. São ricos em glúten (que possui alto potencial alergênico) e açúcar (potencial para diarreias e “vicio”), além disso, engordam demasiadamente e não contêm nenhum ingrediente de relevância nutricional. Converse com toda a família, parentes, babás, cozinheiras e amigos, a esse respeito. É muito importante que todos ajam da mesma forma, para contribuir na formação de bons hábitos alimentares e não confundir cabeça da criança.

Portanto: todos devem ter a mesma conduta alimentar em relação ao bebê!

7. Ao sair com a família, lembre-se da refeição da criança pequena!

Ao sair com a família, leve sempre o lanche ou a sopinha para a criança pequena. Não fique com pena, pensando que a “coitadinha” irá sentir falta daquela pizza ou de outro prato qualquer, que os demais familiares estejam degustando: “ela não conhece aquilo”. O importante será ter sempre a comida feita especialmente para ela se alimentar, normalmente, mesmo fora de casa.

Portanto: alimente a criança com a “comida feita especialmente para ela”. Como a criança nunca comeu “aquilo” que os outros estão comendo, isto não lhe fará a menor diferença nem falta!

8. Pai e mãe são responsáveis pela Educação Alimentar dos filhos!

Mesmo com a vida atribulada da atualidade, não delegue, a importante responsabilidade da escolha dos alimentos que seu filho irá consumir a terceiros (empregados, babás, avós, tios e amigos, entre outros). Isso é muito sério e trará consequências determinantes para toda a vida dele.

Portanto: mantenha a educação alimentar de seus filhos em suas mãos!

9. Papai e mamãe são sempre “ídolos” para os filhos!

Tudo aquilo que os pais fizerem será decisivo para a vida futura de seus bebês. Não “pode falar uma coisa e fazer outra”. O que se faz grita mais alto do que aquilo que se diz! Esteja atento e seja coerente!

Lembrem-se: os adultos devem sempre ser exemplo e os filhos “estão sempre de olho” nos pais!

Considerações Finais

Para concluir, gostaria de salientar que os conselhos expostos acima constituem a base para a formação de bons hábitos alimentares e trarão reflexos para a Saúde dos filhos durante toda a sua vida. Afinal, as crianças não nascem sabendo e cabe aos pais, e somente a eles, prepararem-nas para a vida. Nenhuma escola poderá oferecer a uma criança a formação e o preparo para a vida que são da competência de seus pais, e isso inclui os Princípios da Educação Nutricional.