O alho (Allium sativum), uma hortaliça amplamente consumida em todo o mundo há mais de 5000 anos, é um alimento rico nas vitaminas A, B1, B2, C e nos minerais como cálcio, enxofre, iodo, magnésio, selênio, sódio e zinco, e, a despeito de seu grande papel como tempero culinário, seus efeitos benéficos para a Saúde humana são conhecidos e amplamente utilizados desde a antiguidade.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Unicamp (Universidade de Campinas), o alho está entre os “maiores remédios naturais” estudados até hoje. Na verdade, as propriedades funcionais do alho foram comprovadas por Estudos Epidemiológicos e Experimentais realizados em diversos países, e seu poder terapêutico é reconhecido por diversas Organizações Mundiais, como: Organização Mundial da Saúde (OMS), Ministério da Saúde (Canadá, Europa e Brasil) e FDA (Estados Unidos), dentre outras.

Alho: um Alimento Funcional

Os compostos bioativos presentes no alho têm sido amplamente estudados e reconhecidos como agentes de Prevenção e Tratamento de Doenças Cardiovasculares e Metabólicas como Aterosclerose, Hiperlipidemia (excesso de colesterol e triglicerídios), Trombose, Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, além de possuírem uma variedade de efeitos fisiológicos como as atividades: antioxidante, desintoxicante, expectorante, imuno-estimulante, anti-inflamatória antimicrobiana e anticâncer.

Dentre os compostos funcionais presentes no alho, destaca-se a Alicina (líquido volátil responsável pelo odor pungente do alho), um composto quimicamente instável e altamente reativo. Quando os bulbos de alho são cortados ou esmagados, a Alicina é produzida pela interação do aminoácido não proteico Aliina (abundante nos dentes de alho) com a enzima Aliinase, também presente nos bulbos.

Logo, ao picar, esmagar ou triturar os bulbos de alho, coloca-se a enzima Aliinase em contato com a Aliina, produzindo-se a Alicina: seu principal composto bioativo e responsável pelas propriedades medicinais do alho. Além disso, outras reações químicas importantes, e com efeitos terapêuticos e medicinais sobre a Saúde humana, também são desencadeadas a partir da ativação da enzima Aliinase.

A Alicina e a Prevenção de Doenças Crônicas

O poder bactericida da Alicina já era bem conhecido muito antes da descoberta dos antibióticos modernos, quando o alho era utilizado em infusões para o tratamento de diversos tipos de problemas de natureza infecciosa, incluindo-se a Tuberculose: uma doença, àquela época, incurável.

Atualmente, a Ciência já comprovou que a ação antimicrobiana da Alicina é um importante auxílio na prevenção do Câncer de Estômago causado pela Bactéria Helicobacter pylori.

Estudos oncológicos realizados no Hospital francês Pitié-Salpêtrière, revelaram que, entre a seleção de alimentos anticâncer, o alho ocupa uma posição privilegiada, defendendo também esôfago, rins e intestinos de lesões potencialmente cancerígenas, graças à ação antioxidante da Alicina, que estimula o Sistema Imune a detectar e destruir células cancerígenas.

Uma Pesquisa realizada no Centro de Controle e Prevenção de Doenças Crônicas da Província de Jiangsu, na China, demonstrou que comer alho diariamente reduz em 44% o risco de câncer nos pulmões, pela ação antioxidante da Alicina, que inibe os radicais livres e, assim, ameniza o envelhecimento celular. De acordo com a Pesquisa, a Alicina combate o desenvolvimento de tumores, ao auxiliar no descarte das células envelhecidas, que são mais suscetíveis a apresentar alterações pré-cancerosas.

No caso das Doenças Cardiovasculares, a Alicina atua tornando os vasos sanguíneos mais flexíveis, baixando a pressão arterial e dificultando a formação de placas ateroscleróticas, por auxiliar também no controle dos níveis sanguíneos de Colesterol.

Segundo um Estudo publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry, a capacidade antioxidante do alho torna-se ainda maior quando, com o passar do tempo, um talo esverdeado começa a brotar no bulbo. Os pesquisadores acreditam que, ao nascerem essas estruturas, formam-se novos compostos, que intensificam a ação da Alicina e de outras substâncias capazes de proteger o organismo contra o câncer, além de aumentar a imunidade e contribuir para a saúde cardiovascular.

O Poder Terapêutico está no Alho Cru

É importante ter em mente que, o bulbo do alho intacto contém poucos componentes ativos, e que é através de seu corte ou trituração, que ocorre a ativação da enzima Aliinase. A ativação dessa enzima desencadeia a formação de uma série de componentes que participam de complexas reações químicas importantes para a proteção do organismo.

Por outro lado, diversos Estudos demonstraram que o alho cozido não possui os mesmos efeitos do alho cru. Isto porque o aquecimento diminui ou anula a ação da enzima Aliinase, que é responsável pela transformação da Aliina em Alicina: a principal substância bioativa presente no alho.

Estudos realizados na Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA), mostraram que a perda das propriedades funcionais do alho depende do tipo de processamento ao qual esse alimento tenha sido submetido. A fritura é mais prejudicial do que o cozimento. Assim, ao ser frito, o alho perde mais de 95% de seu potencial terapêutico, tornando-se menos funcional do que o alho que tenha sido cozido.

Para se beneficiar das suas propriedades funcionais, o ideal é triturar, amassar ou picar bem o alho cru e deixar por 10 minutos em repouso antes do uso. Esse é o tempo necessário para permitir a ação da enzima Aliinase, o processo que converte a Aliina em Alicina.

Dicas para o Consumo

1. Indicam-se 2 dentes pequenos ou 1 dente grande por dia, crus, em saladas e outros pratos frios;

2. Para aqueles que não queiram mastigar alho puro ou não suportem o cheiro, é possível optar pelas cápsulas de óleo de alho;

3. Pode-se tentar aliviar o hálito, mastigando folhas frescas de hortelã ou de manjericão;

4. Certamente, vale a pena experimentar e usufruir desse fantástico medicamento que nos é ofertado pela Natureza e que, consumido regularmente, pode proteger o organismo, tornando desnecessário o uso de vários medicamentos e suplementos utilizados pela sociedade moderna.

Considerações Finais

Apesar de ser visto e muito utilizado como tempero, o uso do alho vai muito além de dar sabor às preparações culinárias, pois alimenta e protege o organismo humano contra várias doenças crônicas.

Quando consumido regularmente, o alho auxilia na regulação de níveis de Colesterol, Triglicerídeos e Glicemia; equilibrar o funcionamento intestinal; desintoxicar o organismo; controlar a pressão arterial; e a prevenir resfriados, gripes, asma, bronquite, tuberculose, pneumonia, câncer e doenças cardiovasculares.